(Foto: Jornal Folha da Cidade)
O que começou como a disputa por uma pensão por morte pode se transformar na legalização da bigamia no Brasil. O Supremo Tribunal Federal (STF) tirou da pauta desta quarta-feira (2 de dezembro) a continuação de um julgamento iniciado em 2019; no entanto, mais cedo ou mais tarde, os ministros Dias Toffoli, Luiz Fux e Nunes Marques terão de dar seus votos no caso do parceiro homossexual de um homem falecido que mantinha união estável com uma mulher no estado de Sergipe. Se o STF decidir pela divisão da pensão, estará, na prática, reconhecendo que podem existir duas uniões estáveis simultâneas.
Esse reconhecimento não é pouca coisa: ele simplesmente desmonta a base do direito de família brasileiro, que é a união monogâmica, seja no casamento ou na união estável. A aceitação da bigamia por um tribunal superior seria o ato final de um processo denunciado em nosso mais recente editorial sobre o tema : o Judiciário vem reescrevendo, sem mandato legal para tanto, o ordenamento jurídico sobre o tema. No caso de Sergipe, a mulher desconhecia o caso extraconjugal do parceiro, mas há várias outras situações em que três ou mais pessoas querem ver reconhecida sua união consensual, sob o eufemismo do “poliamor”.
Nossa colunista Cristina Graeml explica por que esses reconhecimentos são tão perigosos – seja no caso de uma traição, seja quando as pessoas envolvidas concordam com o modo de vida poligâmico. É como afirmamos já em 2014, quando começaram a aparecer os primeiros casos de cartórios e tribunais reconhecendo uniões múltiplas: “só o amor exclusivo dá conta dos nossos anseios mais profundos. Um coração dividido não dá tudo o que é devido ao parceiro; não é diluindo o amor conjugal que se vai fortalecê-lo”.
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Fonte: Gazeta do Povo.