Outro fato apresentado pelos autores do artigo é que o uso de medicamentos da classe AINE, como iboprufeno, e medicamentos à base de cortisona podem afetar a capacidade de reação do sistema imunitário, responsável por combater o vírus do coronavírus.
De acordo com os mesmos estudos, a gravidade da infeção também pode ser influenciada pelo uso de substâncias ou a ingestão de medicamentos para combater a diabetes mellitus tipo 2, cuja substância ativa são as tiazolidinedionas (TZD’s), que também aumentam a expressão dos receptores ACE2 e facilitam a infecção pelo novo coronavírus no organismo humano.
Os investigadores responsáveis pelos estudos apontam ainda que, caso a influência do ACE2 seja confirmada, será gerado um conflito devido à influência que os medicamentos possuem nos tratamentos para reduzir inflamação e em terapias para curar doenças respiratórias, câncer, diabetes e hipertensão.
A possível relação entre o uso do Ibuprofeno e a piora dos quadros de infeções por coronavírus será avaliada na União Europeia através Comitê de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
É esperado que a análise, que deverá ser concluída em maio de 2020, permita esclarecer se existe uma associação entre o uso de ibuprofeno e a piora das infeções por Coronavírus COVID-19. A OMS ainda não se pronunciou sobre o tema.
Para ler o informativo completo acesse http://www.cardiol.br/sbcinforma/2020/20200313-comunicado-coronavirus.html
Os tratamentos com medicamentos à base de corticoides devem ser abandonados?
As recomendações dos pneumologistas da Associação Francesa de Asma & Alergias é que a população em geral deve evitar esse tipo de tratamento, mas negam que os medicamentos à base de cortisona devam ser evitados para reduzir o risco de uma infecção grave por coronavírus "no caso de pacientes asmáticos, isso deve ser relativizado".
"O controle adequado dos sintomas limita os riscos de um ataque inflamatório de asma em caso de infecção viral", explicam os especialistas "é muito importante não interromper o tratamento da asma".
No entanto, "o controle adequado dos sintomas limita os riscos de um ataque inflamatório de asma em caso de infecção viral", explicam os especialistas.
Por esse motivo, "é muito importante não interromper o tratamento da asma".
Ministério da Saúde da França desaconselha o uso de ibuprofeno e cortisona em pacientes infectados com Coronavírus COVID-19
O ministro da Saúde francês, médico neurologista Olivier Véran, usou suas redes para orientar que quem suspeitasse estar infetado com o novo coronavírus para não tomar anti-inflamatórios como o ibuprofeno, dando preferência ao paracetamol para tratamentos dos sintomas.
Ele repetia assim as recomendações do Diretor-Geral de Saúde da Francês, Jérôme Salomon, que desaconselha o uso destes medicamentos para o coronavírus.
Segundo o ministro francês, vários médicos mencionaram casos de pacientes jovens infectados pelo Covid-19, sem outras patologias conhecidas, que se encontraram em estado grave depois de tomar ibuprofeno para baixar a febre provocada pelo novo coronavírus.
Posicionamento das entidades europeias
Autoridades do Governo da Espanha e de Portugal afirmaram que é errada a orientação do Ministério da Saúde da França.
A Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitário (AEMPS) admitiu que o Comitê de Avaliação de Risco de Farmacovigilância está revendo a suposta relação entre o ibuprofeno e a piora da infecção.
"Espera-se que esta análise em nível europeu seja concluída, de acordo com a nota do Ministério da Saúde da Espanha em maio de 2020, mas com as informações disponíveis hoje em dia, é complexo determinar se essa associação existe".
A Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde de Portugal, publicou uma nota no qual esclarece que não existem, atualmente, dados científicos que confirmem um possível agravamento da infeção por COVID-19 com a administração de ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios não esteroides.
A agência orientou que o tratamento sintomático da febre deve ser realizado através do uso de paracetamol como primeira alternativa. No entanto, também não há evidências para contraindicar o uso de ibuprofeno.
O Conselho de Hipertensão da Sociedade Europeia de Cardiologia que apresenta a seguinte orientação “O Conselho recomenda fortemente que médicos e pacientes continuem o tratamento com a terapia anti-hipertensiva habitual, porque não há evidências clínicas ou científicas que sugiram que o tratamento com ACE ou ARB [fármacos anti-hipertensivos] seja interrompido por causa da infeção por Covid-19”.
O Artigo continua abaixo com informações sobre os medicamentos.
Sobre o Ibuprofeno
O Ibuprofeno é um anti- inflamatório não-esteroide, derivado do ácido propiônico . Ele tem atividade anti- inflamatória, analgésica e antitérmica. Ajuda no controle da febre e tem utilidade no tratamento de dores leves e moderadas.Ele atua reduzindo a síntese de prostaglandinas pela inibição das enzimas ciclo-oxigenases (COX-1 e COX-2).
Encontra-se disponível sob diversas denominações comerciais, incluindo Advil, Motrin e Nurofen.
Sobre o Cortisona
A cortisona, também conhecida por corticosteroide, é um hormônio produzido pelas glândulas supra-renais, que exerce ação anti-inflamatória, sendo, por isso, muito utilizada no tratamento de problemas crônicos como asma, alergias, artrite reumatoide, lúpus, casos de transplante de rim ou problemas dermatológicos, por exemplo.
Sobre os medicamentos IECA e ARA II
Os medicamentos anti-hipertensivos das classes dos inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) e os antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II) estão entre os mais utilizados para o tratamento da hipertensão arterial.
Os IECA e os ARA II são classes diferentes de drogas, porém com mecanismo de ação na redução da pressão arterial semelhante.
Tanto os IECA quanto os ARA II têm como objetivo impedir a ação de um hormônio chamado angiotensina II. Os IECA impedem a sua formação, enquanto os ARA II impedem o seu funcionamento.
Sobre os medicamentos Tiazolidinedionas
As tiazolidinedionas (TZDs), também conhecidas como glitazonas, são uma classe de fármacos usados no tratamento de diabetes mellitus tipo 2 e outras enfermidades relacionadas. As tiazolidinedionas melhoram a sensibilidade dos tecidos brancos à insulina por atuar como agonistas seletivos de receptores da insulina localizados no núcleo celular. Os exemplos de fármacos mais utilizados dessa classe são pioglitazona, rosiglitazona, troglitazona e ciglitazona.
Texto por Fábio Reis para PFARMA.com.br